De acordo com Aroldo Fernandes da Luz, a sensação de saturação é compartilhada por muitos advogados recém-formados, e os números confirmam esse sentimento: o Brasil tem mais de 1,3 milhão de advogados inscritos na OAB, o que representa uma das maiores proporções de advogados por habitante no mundo. A cada ano, milhares de novos profissionais ingressam na advocacia, disputando espaço em um mercado cada vez mais competitivo.
Essa realidade gera insegurança, especialmente para quem sai da universidade sem uma rede de contatos estruturada, sem capital inicial para abrir um escritório ou sem direcionamento claro sobre em que área atuar. A saturação, no entanto, é desigual, vamos entender, a seguir!
Como a tecnologia está transformando a forma de advogar?
A transformação digital impacta diretamente o modo como a advocacia é exercida — e isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade. Ferramentas como softwares jurídicos, automação de documentos, inteligência artificial e atendimento remoto agilizaram rotinas e mudaram a forma de captar e atender clientes. Para a jovem advocacia, familiarizada com o digital, isso pode ser uma vantagem competitiva.
Ambas as limitações pesam, mas de maneiras diferentes, explica Aroldo Fernandes da Luz. A falta de experiência pode ser compensada com muito estudo, proatividade e busca constante por aperfeiçoamento. Já a falta de estrutura — como capital para montar um escritório, acesso a ferramentas tecnológicas e até apoio emocional — pode ser um obstáculo mais difícil de superar.

Quais áreas estão mais promissoras para os jovens profissionais?
Apesar da concorrência acirrada nas áreas tradicionais, há espaço para crescimento em campos emergentes do Direito, como direito digital, proteção de dados (LGPD), direito ambiental, direito antidiscriminatório, compliance, direito da moda, startups e inovação. Essas áreas demandam atualização constante e uma postura de aprendizado contínuo, o que se encaixa bem com o perfil da jovem advocacia.
Redes sociais como Instagram, LinkedIn e até TikTok se tornaram ferramentas importantes de posicionamento profissional. Segundo Aroldo Fernandes da Luz, para a jovem advocacia, elas representam uma oportunidade de construir autoridade, atrair clientes e educar o público sobre temas jurídicos relevantes. No entanto, é preciso respeitar os limites éticos da publicidade na advocacia: o foco deve ser sempre informativo, evitando promessas de resultados ou autopromoção exagerada.
O networking ainda é essencial para o jovem advogado?
Mais do que nunca. Em um cenário de tanta competição, estar bem posicionado em redes de relacionamento pode abrir portas importantes. Aroldo Fernandes da Luz destaca que participar de comissões da OAB, eventos jurídicos, grupos de estudo e mentorias são estratégias valiosas para se conectar com colegas, professores, potenciais parceiros e clientes.
O advogado do século XXI precisa ser mais do que um conhecedor das leis. Habilidades como comunicação clara, inteligência emocional, domínio de ferramentas digitais, marketing jurídico, gestão financeira, negociação e liderança são cada vez mais valorizadas. O jovem advogado que investe nessas competências amplia suas chances de inserção e crescimento.
Por fim, apesar de todas as dificuldades, o cenário atual também oferece oportunidades únicas para quem está começando. Para Aroldo Fernandes da Luz, a tecnologia reduziu barreiras de entrada, a internet democratizou o conhecimento e novas demandas surgem a todo momento. Cabe ao jovem advogado desenvolver uma mentalidade empreendedora, identificar nichos de atuação, cultivar parcerias e se manter em constante atualização.
Autor: Artem Vasiliev