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Mauricio de Sousa rebate comentários negativos sobre HQs: “Ficam entre a literatura e as artes gráficas”

Candidatura do cartunista à ABL foi alvo de críticas por parte do jornalista James Akel, que também concorre ao posto

O escritor, empresário e cartunista brasileiro Mauricio de Sousa, 87 anos, se pronunciou pela primeira vez sobre as críticas que recebeu após ter oficializado, em março deste ano, sua candidatura a uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Em entrevista ao g1, o criador da marca Turma da Mônica contou sobre como lida com os comentários negativos e falou do apoio que tem recebido para ingressar na instituição literária.

Pouco após a notícia da candidatura de Mauricio ter sido anunciada, o jornalista e diretor de TV e teatro, James Akel, 69 anos, que também concorre à cadeira número oito da ABL, disse que admirava o trabalho do concorrente, mas fez duras críticas à possibilidade de um cartunista assumir o posto.

— Mauricio de Sousa não tem o que acrescentar à ABL, eu tenho — disse, publicamente.

O jornalista ainda argumentou que “gibi não é literatura” e que o Mauricio não era escritor, o que, segundo ele, deveria inviabilizar a possibilidade de candidatura ao posto. O assunto repercutiu nas redes sociais e dividiu a opinião dos internautas.

“Mas é lógico que gibi não é literatura”, escreveu um usuário do Twitter. “O pessoal que fala que gibi não é literatura, pois é entretenimento, faria bem ao lembrar que literatura é entretenimento”, argumentou outro.

Resposta do cartunista
Ao ser questionado pelo g1 sobre as críticas, Mauricio disse que não ficou abalado com os comentários negativos.

— Fiquei até assustado com a dimensão que tomou pela repercussão positiva. Significa que não errei tanto — acrescentou, ao portal de notícias, nesta quinta-feira (20).

O empresário ainda defendeu que as histórias em quadrinhos podem ser consideradas um tipo de conteúdo literário.

—(Os quadrinhos) são revolucionários porque ficam entre a literatura e as artes gráficas.

Disputa pela cadeira
A cadeira de número oito da ABL está vaga desde a morte da professora universitária especialista em literatura portuguesa Cleonice Berardinelli, em 1º de fevereiro, aos 106 anos.

Em uma visita à Academia, no dia 10 de março, Mauricio declarou publicamente sua vontade em ocupar o posto vago. “Esta candidatura é para reunir esforços com todos os acadêmicos em levar a importância desta entidade secular para que crianças e jovens conheçam mais a nossa literatura e grandes autores que por lá estão e já estiveram”, disse, em comunicado.

O escritor ainda falou sobre a importância das HQs em sua vida e do legado de seu trabalho. “Quando jovem, depois que me alfabetizei com os gibis, eu lia um livro por dia e os grandes escritores brasileiros foram minha companhia e me ajudaram a ser o que sou hoje. Quero devolver esse carinho com muito trabalho em prol dos autores brasileiros e também dos quadrinhos”, afirmou na mensagem.

Outro candidato à cadeira é o filólogo Ricardo Cavalieri, apontado por alguns críticos literários como um dos favoritos ao posto.

ABL
A Academia Brasileira de Letras é constituída por 40 membros efeitos e perpétuos. Entre os mais recentes a ocuparem uma cadeira estão a atriz Fernanda Montenegro e o cantor e compositor Gilberto Gil, que passaram a integrar o quadro oficialmente em 2022.

Outro novo nome na Academia é o da escritora e professora Heloisa Buarque, que foi anunciada nesta quinta-feira (20), para ocupar a cadeira número 30.

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